quinta-feira, 25 de julho de 2013

Ela disse sem se acomodar.

Start Again by Gabrielle Aplin on Grooveshark

Ela colocou a mão no meu cabelo e disse: Amor, isso não vai passar. Eu olhei assustado, de fato não sabia o que falar. O que a gente diz depois de transar? O que a gente não diz? Eu a tinha nos meus braços e ela tremia e nem ao menos eu sabia se devia continuar. Ela me disse que a vida é um tanto complicada e que a estrada, ela simplesmente não sabia onde ia dar. Achei estranho o fato de olhar e rir sempre de lado, de não puxar assunto e ser um tanto quanto indelicada. Mas é o que dizem, a destreza está em ver o o que você não quer enxergar. Ela sussurra ao pé do ouvido, acho que não vai aguentar. O peso e o tamanho do abrigo ao qual ela tem que voltar. Mas eu disse, com os olhos turvos e bêbados, mas disse, eu preferiria ficar. Ela me disse: vai, a sua mãe vai reparar. E então se eu me lembro bem havia um feixe de luz a me iluminar. Vencido, sem roupa e sem abrigo, tentando encontrar as partes perdidas que joguei pra lá. Cada peça de roupa no chão era um dia diferente que eu tive que superar. Cada beijo trocado foi um momento guardado sem ter porque nem pra quem lembrar. Mas ela disse, isso vai passar. Ou não disse, não consegui decifrar o silêncio enquanto mudávamos de lugar. Eu disse que ela sabia onde me encontrar, na poesia que deixei debaixo da cama porque no peito não tinha lugar. Eu sei eu sei, o momento a gente tem que guardar, mas eu disse: menina, a um tempo atrás eu nem pensava em ti e mal podia sequer lembrar do beijo roubado no frio de julho passado. Ela continuou a me dizer no vácuo de algumas palavras barganhadas que eu a impus a trocar. Ah, nobre, doce e juvenil, pobre lembrança pueril do tempo que não vai voltar. Eu disse, na vida o caminho é trilhado, é tudo bem demarcado, mas a hora é o lugar. E a hora é agora e eu te chamei pra namorar. Pelo menos na minha cabeça foi assim. E ai eu percebi que aquele lugar não era a hora e que eu tinha que me calar. Sabe quando o momento é intenso? A flor da pele está a emoção e eu tinha que de algum jeito te tocar. E eu senti na pele e na espinha cada músculo mudando de lugar. Deita aqui, ela disse. Deita aqui do lado. O meu lado preferido da cama onde eu podia te abraçar. E então seu braço trocava de lugar, no frio que tava eu esquentava a mão sem saber no que aquilo ia dar. E deu, e dei e continua a dar. E eu disse vai, vai que o mundo é complicado e você tem todo um significado pra atribuir ao fato de eu tê-la beijado. Vai que o que você quer eu tenho certeza que irá conseguir. Vai que o mundo não espera que você se erga pra tentar te derrubar. Vai porque se não ao final do dia você pode se acomodar. Assim como eu me acomodei a você.

domingo, 14 de julho de 2013

Desde o sim ao fim.


















Os olhos desviam
O assunto se perde
A mão se encontra
E a pele estremece.

O beijo acontece,
O orgulho floresce.
Já não era mais assim.

O toque era quente,
O caminho trilhado,
Sorriso contente
E o beijo molhado.

Eu sinto tão intensamente
Um arrepio na espinha
Ao tocar levemente, fria e descrente
Tua boca na minha.

Mas a tal da insensatez,
O mal e a estupidez,
De se levar a sério
Tudo o que brinco
Tudo o que falo
Me faz um permanente
Desapegado e equivocado
Mal de mim mesmo.

Antes mesmo deu saber
Quem era você,
Já estava a espreita
Sem nem eu querer.

Perdidos, sumidos, nus invertidos, descrentes, malévolos, loucos e inconsequentes. Assim fica - se, ficamos, assim sempre fomos, assim sempre seremos. Desde o primeiro sim ao começo do último fim.