(-Oi, tudo bem? muito formal.
-Hey, eai como ta? muito forçado.
-Hey, como você está? muito igual ao outro.
-Oi, está bem? acho que está simples demais, preciso parecer mais interessado.
-Socorro, lá vem ela e agora?)
Você passa de longe e eu sufoco por um segundo e eu entro em pânico e passo ao seu lado e ignoro, sem perceber, como se você não fosse ninguém, como se fosse só mais alguém, mas você não entende, eu sufoco de desejo de lhe proferir intermináveis conversas e a toda hora tento lhe chamar atenção, será que você não vê ou será que eu é que preciso me expressar de outra forma mais aberta e clara?
- Er, oi, e ai, bão? (droga, estraguei tudo)
- bem
- E ai, o que tem feito? (Como assim o que você tem feito, que tipo de pergunta idiota foi essa? Quero saber como anda os problemas, se precisa de algo ou de alguma ajuda, se tem acompanhado os filmes e seriados que eu comento ou se tem planos pra quando serão realizados os nossos planos)
- Nada de mais e você?
- Ah, o mesmo! (Ah, ótimo, agora sou entendiante, não faço nada de mais! Por que eu não digo que eu penso nela todos os dias, mas ela vai me achar bobo, eita e agora, o que eu falo, cara ela está cheirosa e esse sorriso da onde surgiu? Será que ela andou malhando, as pernas parecem mais definidas que da última vez, ta o que eu tava falando mesmo? ah, meu amigo ali, vou ir dar um oi)
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(Por que eu virei as costas assim do nada? Ela vai pensar que eu não me importo, porra, como eu falo que ela é tudo que no momento me deixa mais feliz? Vou voltar, agora vai)
- E ai, voltei, nossa tava te olhando de longe e você é lerda demais e tem uma risada esquisita, mas acho você de boa. (É só um pouco e na verdade esse é um charme seu e essa risada que acompanha grande parte das palavras proferidas e você é muito de boa, mas não sai isso agora da minha boca)
- Credo, e ai, vamos sair no sábado então? E aquelas coisas que iamos fazer, ainda de pé? Ah, eu estava com saudades, vem ca e me da um abraço.
- Vou ver, está sim. Sem abraços, que melação é essa. (Como assim vou ver, é claro que vamos sair no sábado e sim tudo está de pé e mais óbvio ainda é o abraço, é claro que te dou um abraço, dou quantos quiser, quanto mais perto de você mais é a chance de esquecer que tem um mundo todo esperando que eu saia do conforto destes braços).
- Sempre me tirando.
- Ah, é a vida. (Que vida o caralho, me desculpa, eu não sei o que acontece quando eu chego perto de você, mas sai tudo ao contrário e eu pra falar a verdade nem sei como ainda consigo manter o ritmo da respiração e desviar tanto o olhar porque você fica linda sob esse angulo e tantos outros e apesar de as vezes estar meio acabada você me cativa de um jeito meio único).
- Então, eu vou ir ali, tenho umas coisas para fazer, te vejo por ai.
- Tá, tchau. (Tchau? TCHAU? Que isso? Quem diabos fala tchau pra uma "paixão em potencial"? Você é burro ou o que? Fica, fica ai e vamos conversar, eu tenho visto uns filmes legais que eu queria compartilhar, eles são maneiros e tem uns seriados que estão fodas demais e também tem umas coisas que eu queria sua ajuda e vamos marcar algo depois, e ah eu queria te passar depois um mix de umas músicas ai que eu curto, depois me passa umas que você curte... Só não vai, fica ai porque até o silêncio compartilhado contigo é diferente).
E a cada passo mais longe de mim é um passo a mais pra eu perder algo que supostamente eu já tenha conseguido. Eu não ligo, eu não me importo, você não tem nada a ver, não tem atitude, é defeito demais, não combina comigo, não tem o corpo certo, ah seu discurso sobre relacionamento não me agrada, mas ao mesmo tempo seu sorriso é o mais lindo, sua companhia é a mais confortante e o olhar, ah são arrebatadores olhos de cigana oblíqua e dissimulada prestes a me dominar. Ah, já te disse que eu adoro a forma como pronuncia meu nome? A forma como fica repetindo-o como se não tivesse mais nada pra fazer, e de fato não tem, a forma como te deixo aparentemente nervosa, são essas peculiaridades que me instigam. O problema de todo esse avesso é que me lendo sempre assim descompassado eu não tenho um jeito certo nem tampouco errado de te dizer calado de todo esse amor neutralizado, sim porque amor é emoção e essa emoção, esses efeitos colaterais você com certeza provoca em mim embora eu consiga disfarçar tão bem ao ponto de me enganar.
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